Dedico
esta mensagem ao estimado irmão Francisco Fraga Rodrigues, que convive com a
dor, mas que tem sido um vencedor na força que Deus lhe dá.
Parabéns
pelos seus 80 anos neste 24 de fevereiro de 2013
A
dor
Quando
era pequeno brincava de "esconde-esconde", e encolhido com a cabeça
entre os joelhos, ficava atrás da porta. As outras crianças custavam a me
achar. Era bem divertido, e quando me descobriam era uma verdadeira festa.
Os
anos chegaram e ainda brinco de "esconde-esconde". Quero ficar atrás
da porta, mas não consigo dobrar meus joelhos nem colocar minha cabeça entre as
pernas. Os joelhos não dobram, a rigidez do ombro é uma dificuldade, e ainda, o
espaço entre eu e a porta é pequeno.
Não
é mais uma brincadeira de criança, alegre, prazerosa, feliz. Ela se chama dor.
Hoje quero me esconder, mas não posso. Se tentar, ela me encontra sem demora
num piscar de olhos.
A
dor é bem ingrata e muitas vezes ganha a "brincadeira", ora me
assusta e derruba, ora abate e me deixa triste, sem forças e prostrado. Quero vê-la
bem distante, mas ela sempre quer ficar por perto. Não me larga. É uma
brincalhona de verdade.
Creio
que o rei Davi também conviveu com a dor. Há muitos salmos onde deixa clara tal
circunstância, e em especial no salmo 41: 3 "O Senhor o assiste no leito
da enfermidade; na doença tu lhe afofas a cama".
Por
mais macio que sejam o travesseiro e o colchão, (plumas, palhas, penas), quando
estou com dor se tornam materiais pesados como pedras ou chumbos. E Davi nos
conta o seu segredo. Deus tem os seus recursos para transformar em maciez leitos
de pedras e de chumbos, e com seu amor afofar a nossa cama. Sua presença é
consoladora e animadora mesmo em meio à dor.
Quantos
se desesperam diante da dor, descreem da misericórdia de Deus, e o insultam com
palavras insolentes, muitas vezes eliminando a própria vida. A fé em Deus nessa
hora é a melhor saída e deve sobrepujar a dor, pois o poder das suas mãos se
faz presente como uma rica promessa, sempre afofando o nosso leito.
Já
sei como espantar a minha dor. Quem vai brincar com ela sou eu, e escondido no
"segredo de Deus", duvido que ela me encontre para desanimar-me.
Que
assim seja.
Orlando
Arraz Maz