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sexta-feira, 12 de abril de 2013

O INVENTÁRIO DO APÓSTOLO PAULO



“Quando vieres, traze-me a capa que deixei em Trôade, na casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos”.

Alguns escritos produzidos nos cárceres são verdadeiras joias literárias.
Por exemplo, o Peregrino de John Bunyan, que tem levado incontável número de pessoas aos pés de Cristo, nos anos em que esteve  encarcerado; Watchman Nee , escrevendo inúmeros artigos que até hoje fortalecem muitos crentes, nos 16 anos de sua prisão na China, e tantos outros escritos através dos anos.

Entretanto, há um escritor que ultrapassa a todos os citados, cujos escritos, apesar dos anos, permanecem como flores frescas e perfumadas colhidas há pouco num jardim. Trata-se do apóstolo Paulo, o bandeirante de Cristo, cujas cartas produzidas nas suas prisões, tais como aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon, estão repletas de instruções que não envelhecem apesar dos anos, assim como sua última carta particular escrita ao seu filho na fé, Timóteo, conhecida como segunda Carta a Timóteo, todas produzidas nas suas prisões, e que são verdadeiras obras esculpidas pelas mãos de Deus.
Esta carta foi escrita numa masmorra, lugar sombrio, profundamente horroroso, e soa como um cântico de despedida. Huberto Rohden, em seu livro “Saulo de Tarso” descreve sua prisão: “Como não terá Paulo sofrido naquele subterrâneo úmido e frio. De nada lhe valiam as tépidas auras primaveris, de nada os fulgores do estio – lá embaixo era noite eterna e inverno perpétuo. A sua capa, talvez a única, ficara em Trôade, e ele a manda vir porque lhe faz falta…”.
Embora o ambiente seja deveras sombrio, nesta carta suas palavras ecoam através dos séculos, e servem como lenitivo para ajudar aqueles que sofrem perseguições pela causa do Evangelho de Cristo. Por certo o primeiro a ser animado e confortado foi Timoteo: “Combati o bom combate, completei a corrida, perseverei na fé”.  “Agora me está reservada a coroa da justiça, que o SENHOR, justo Juiz, me concederá naquele dia; e não somente a mim, mas certamente a todos os que amarem a sua vinda”. (vers.7 e 8).
Entretanto, o que salta aos olhos é o acervo acumulado por Paulo ao longo de 30 anos de profícuo trabalho: “uma capa, livros e pergaminhos”. Com toda sua erudição, seria um rabino mais importante que seu mestre Gamaliel, e por certo teria amealhado fortunas, e desfrutado uma vida nababesca. Mas ele mesmo afirma que todo esse cabedal foi considerado refugo: “Todavia, o que para mim era lucro, passei a considerar como prejuízo por causa de Cristo. Mais do que isso, compreendo que tudo é uma completa perda, quando comparada à superioridade do valor do conhecimento de Cristo Jesus, meu SENHOR, por quem decidi perder todos esses valores, os quais considero como esterco, a fim de ganhar Cristo…” (Filip. 3:7,8) Não sabemos se teve tempo para receber tais preciosidades, pois sua morte com rapidez se aproximava.
Que este texto nos ensine grandes verdades, num tempo onde nossas preocupações são tantas, prejudicando nossa caminhada na senda do evangelho. Acumulamos bens, corremos de um lado para o outro, vivemos fatigados e mergulhados em nossos interesses, quase nada restando para o Senhor. Paulo entendeu bem desde o início do seu chamado, renunciando a uma carreira promissora, e iniciando uma trajetória de sofrimento, até seu último instante sob a espada do soldado romano.
Seus poucos bens talvez coubessem em uma pequena mala, mas sua alegria em servir ao seu Mestre ultrapassou  todos os limites, e as almas que foram salvas  e que ainda serão, fruto de suas cartas escritas, só a eternidade saberá.
“Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus”. Atos 20:24
Que assim seja

Orlando Arraz Maz