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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A MORTE DO LOUVOR


Com o surgimento dos grupos neopentecostais o louvor ficou totalmente modificado. Incorporou-se a tais movimentos uma gama de autores e compositores de letras e musicas de espiritualidade duvidosa, denotando a falta de unção do alto.

Paralelamente, surgiram conjuntos com instrumentos, produzindo um som bastante alto, muitas vezes incompatível com o espaço onde tais músicas são executadas.

Daí, um pequeno passo para as igrejas chamadas tradicionais imitá-los.

E esse "louvor" por muitos chamados de "louvorzão" ocupou espaço e afugentou os hinos tradicionais. Felizmente, ainda há os que apreciam um louvor inspirativo.

Já vai longe o tempo que existia o prelúdio e o poslúdio, palavras que muitos desconhecem.

Antes do culto, um fundo musical era executado, ora com um órgão, violino, piano. Enquanto eram executados, os presentes podiam orar e meditar, e neste silêncio abençoado se prepararem para receber a mensagem de Deus no coração.

Da mesma forma, o poslúdio era executado ao final da mensagem, quando se permitia uma reflexão da mensagem pregada.

Essa pratica não existe mais em muitas igrejas. O culto já inicia sob a intensidade do som para desespero de muitos fieis. A maior parte do tempo é usada para apresentações, e quando o ministrante inicia sua prédica, seu tempo é escasso e minguado.

A solenidade do culto precisa ser restabelecida com urgência.

Que haja no seio das igrejas o bom senso para se estabelecer um culto que agrade ao Senhor e edifique a vida dos seus membros.

Mesmo com o uso de instrumentos que a era moderna tem trazido, apresentados com moderação e espiritualidade, e o cântico de letras com sólida base escriturística, ainda será possível um culto bastante apreciado, com prelúdio e poslúdio, onde todos podem se alegrar e dizer como o salmista: "Alegrei-me quando me disseram: vamos a casa do Senhor ou  A ti, ó Deus, cantarei um cântico novo; com o saltério e instrumento de dez cordas te cantarei louvores".

Que assim seja para a Glória do Rei.

Orlando Arraz Maz

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pedro, apóstolo, uma lição para todos


Uma reflexão sobre a vida de Pedro entre a negação  e sua chamada para pastorear as ovelhas.

Muito se tem escrito sobre a vida de Pedro, ora ressaltando seus pontos fortes, ora os fracos.

Entretanto, tudo  o que sabemos está inserido nas Sagradas Escrituras, e se  além destas informações outras nos  chegarem,  devem ser totalmente desacreditadas.

Sem dúvida há uma grande curiosidade em descobrir detalhes de sua vida, mas o que o autor das Sagradas Escrituras, o Espirito Santo, quis que nós soubéssemos,  foi revelado aos seus leitores.

Gostaria de meditar sobre o periodo que vai da negação até ao encontro de Pedro com Jesus à beira mar.

A trajetória de Pedro começou na última ceia, quando Jesus lavou os pés de seus discípulos.
Já era noite e Jesus saiu para o Jardim de Getsemani, também conhecido como Monte das Oliveiras, onde ocorreu a prisão, com a participacão de Pedro  no ataque ao servo do sumo scerdote.
Pedro permaneceu ao lado de Jesus, mesmo sendo repreendido.

O evangelista Marcos escreve em seu evangelho que todos  fugiram, mas o evangelista João afirma que ele e Pedro seguiram a Jesus. Mateus esclarece que Pedro seguia de  longe, ambos em direção ao palácio do sumo sacerdote.

E lá  ocorreram as tristes negações sobre a pessoa de Jesus. A primeira sendo interpelado  pela porteira do palácio, depois por um dos presentes e por fim pelo servo do sumo  sacerdote quando ouviu o cantar do galo,   trazendo à sua lembrança as palavras ditas por Jesus que culminaram em lágrimas de arrependimento.

 E Pedro desaparece do cenário bíblico até o majestoso dia da ressurreição.

Onde estivera  durante a crucificação? João relata que ao pé da cruz estavam a mãe de Jesus, João, o discípulo amado, a tia de Jesus, Maria, a mulher de Clopas e Maria Madalena. E ao ser retirado da Cruz e levado ao túmulo,  apenas José de Arimatéia  e Nicodemos.

Neste  curto período entre a retirada da Cruz e a ressurreição  não sabemos onde estivera,  mas que a noticia da ressurreição causou uma alegria extraordinária em Pedro, temos plena certeza pela sua corrida ao sepulcro, quando perdeu para João.

Lucas em seu evangelho, no cap. 24 vers. 34 esclarece:
 "Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão."

E o apóstolo Paulo, escrevendo sua primeira carta à igreja de Corinto (15:5), faz referência a tal encontro.
"Que apareceu a Cefas, e depois aos doze".

Por certo, desejou Jesus  convencê-lo de sua ressurreição e  prepará-lo para a liderança que ele ocuparia mais tarde, e para lhe dar a certeza de perdão depois de suas negações.

Nada sabemos deste encontro secreto, mas sem dúvida Pedro foi plenamente restaurado.  Não foi enxotado da presença de Jesus,mas recebido carinhosamente nos braços de seu Salvador amado.

Alguns dias depois encontramos Pedro em plena pescaria frustrada, e ao descobrir que Cristo estava na praia se atirou nas águas para chegar mais rápido que os demais, que permaneceram no barco.Nadou cerca de 90 metros,chegou com as forças exauridas, todo molhado, mas pode ver o rosto de Jesus refletido na luz do sol.

Desta vez João ficou para trás e Pedro chegou em primeiro lugar.

Lá estava o Cristo ressuscitado.

 David Smith assim escreve:" O evangelho começa com a encarnação e termina com a ressurreição ; a encarnação é a união de Deus com a humanidade, e a ressurreição é a união da humanidade com Deus".

E para que esta união fosse consolidada,  naquela praia foi travado um dos diálogos mais emocionantes que encontro nas Escrituras.

Três vezes Jesus pergunta a Pedro: (João 21: 15 a 17)

"Simão,filho de Jonas, amas-me mais do que estes?"

E nesta ocasião ,à beira da praia, face às três perguntas, quem sabe lhe vem à mente as três negações, e na terceira vez sua resposta é enfática:  "Senhor,tu sabes tudo, tu sabes que te amo" e não ousou dizer mais nada.

Quantas lições me trazem estas reflexões !:
1)Todos nós,de um jeito ou de outro temos desapontado a Jesus através  de nossas  palavras;
2) Jesus sempre vem à nossa procura desejando restabelecer a comunhão;
3) E se o amarmos  como Pedro, podemos dizer-lhe: " Senhor,tu sabes tudo,tu sabes que te amo";
4) E ao confessarmos nossa negligência, ele nos abençoará com seu perdão.

Jesus sempre estará na "praia" para nos receber e confortar, com uma alimentação substancial por ele preparada.

 Que tais reflexões aumentem nosso amor por este bendito Salvador.

Orlando Arraz Maz

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MIGALHAS ABENÇOADAS

Ela chegou de mansinho. Veio de um lugar distante.
Ostentava uma cultura grega, pois sua origem era das terras da Fenícia.
E encontrou a casa certa.
Era aquela mesmo. Não foi difícil encontrá-la, apesar de o Mestre ser enfático:

“Que ninguém saiba onde estou”

E sorrateiramente, sem ser notada, entrou.
Jesus estava lá.
Trazia o coração dolorido e os olhos cansados de chorar,
E trazia, também, algo que ninguém podia ver: esperança e fé.
Desejos muitas vezes escondidos no mais profundo ser.

E lançou-se aos pés de Jesus, adorando-o e clamando por socorro:
“Minha filhinha está possessa por um espírito imundo”
E Jesus permaneceu calado, mas não permaneceu distante.
Ele pode olhar nas profundezas daquela alma e sentir a dor daquela mãe.
Ora, ele também tinha sua mãe, ele também era filho.

E Jesus quis testar a fé daquela mulher, ao responder-lhe:
“Preciso dar de comer ao meu povo, pois para eles eu vim”.
“Não é bom desperdiçar o alimento que dá vida e jogá-lo aos cachorrinhos”

E a mulher, ainda prostrada ante  aqueles santos pés,
Na total dependência do poder de Jesus, exclama:

“Mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças”

E Jesus elogia a magnitude da fé e da humildade daquela mulher, e responde-lhe:
“Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu da sua filha”.
E chegando a casa encontrou-a totalmente libertada.

Que eu seja,Senhor, aquela mulher aflita.
E que possa encontrá-lo levando meu coração ferido.

E quantas são, Senhor, as minhas angústias! O medo do amanhã,
O abandono, o assalto, o bandido na esquina, meus filhos na escola...
O inimigo de minha alma querendo possuí-la, levando-me para longe dos teus braços.

Que eu seja aquela mulher, Senhor, e que não meça qualquer esforço para encontrá-lo.
Eu sei que estás sempre por perto. E sabes a razão das minhas lágrimas.

Que eu seja aquela mulher de fé, Senhor, que não argumenta diante da resposta,
Que não se ofende, que não revida, que não lhe trata mal.
E que sabe que só em ti há soluções, não só para o dia a dia,
Mas para o dia eterno, quando tu enxugarás dos olhos toda lágrima;
e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor;
porque já as primeiras coisas são passadas.

Que eu adore como aquela mulher, Senhor, mesmo no mais profundo abismo da minha alma.
E que, prostrado aos teus pés, encontre a solução tão desejada.
E possa descansar em paz e voltar para casa confiante e triunfante:
“Jesus libertou-me das garras do inimigo”.
“Louvadas as migalhas que comi das tuas mãos”

Orlando Arraz Maz

Mateus 15:21 a 28
Marcos 7:24 a 30:

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

WILLIAM E LEILA MAXWELL - SR. GUILHERME

2ª E ÚLTIMA PARTE






PRIMEIROS RESULTADOS

A oposição não demorou a aparecer.  O padre da cidade de São Joaquim proibiu o povo de ir aos cultos, mandou que rasgassem os folhetos que receberam e ameaçou ir pessoalmente ver quem estava lá.  Isto diminuiu a frequência, e por alguns domingos não houve reunião porque ninguém apareceu.  Porém, lembrando que a ordem de pregar vinha do Senhor, William continuou e no devido tempo viu muitas almas salvas. Estes servos do Senhor enfrentaram oposição de várias formas, citamos aqui apenas dois exemplos. 

Em Outubro de 1940 Guilherme alugou uma sala em Santana (hoje chamada Ipuã) a fim de pregar o Evangelho.  Apesar de não atrair multidões, sempre havia algumas pessoas interessadas em ouvir.  O padre local passou a anunciar que o pregador era comunista, e estava sendo procurado pela policia.  Mais ou menos nesta época eles compraram um carro Ford 28 e assim podiam ir mais longe.  Ele foi levar o evangelho a Campina Verde, e Leila e sua filha, ainda bebe, foram juntos.  Chegando lá, a primeira coisa que fez foi reservar um quarto na única pensão da cidade, e deixando ali sua mulher e filha ele saiu para distribuir folhetos.  Não demorou, Leila ouviu o barulho de fogos de artifício e viu as pessoas correndo em direção à praça. Ela assistia o ‘show’ da janela da pensão sem imaginar que era por causa do seu marido.  O padre usou os fogos para reunir as pessoas, e ao mesmo tempo um homem armado acompanhava o pregador ajuntando os folhetos que ele havia distribuído.  Guilherme, conhecedor das leis do país foi conversar com o delegado, que disse não ter homens suficientes e não podia garantir a sua vida e nem de sua família e aconselhou-o a deixar a cidade antes do anoitecer.  Guilherme voltou à pensão para buscar a Leila e filha, e deixaram a cidade com dificuldade porque ninguém queria vender-lhes o combustível necessário.  Na saída da cidade tinham que atravessar uma ponte onde todas as crianças da escola foram levadas para insultá-los quando passavam.  Lembro de minha mãe dizer, anos mais tarde, que este foi o aspecto mais triste de todo o episódio.
Houve também oposição de outra natureza.  Várias denominações que se diziam evangélicas criaram muitos problemas, falando mal da pessoa de  Guilherme, e criando confusão doutrinária entre os recém convertidos, tentando atraí-los.

MUDANÇA PARA UBERABA

Em 1950, Alexandre Simpson, um dos seus colegas e bom amigo faleceu.  A morte deste dedicado servo do Senhor deixou uma grande lacuna no Triangulo Mineiro e por causa disto Guilherme resolveu mudar para Uberaba com a família em janeiro de 1951, onde sua terceira filha (Leila) nasceu em junho do mesmo ano.

Esta mudança, porem, não modificou a sua maneira de trabalhar.  O diário de Guilherme e informação de outras fontes nos mostram o mesmo entusiasmo e dedicação incansável ao pregar em Uberaba, também visitando fazendas e outras cidades, agora de motocicleta. Nomes como Conquista, Sacramento, Quenta Sol, Garimpo, Babilônia, Ituiutaba, Conceição das Alagoas, entre outros aparecem, sendo que alguns locais ele conhecia da época em que morou em Ituiutaba.

Em 1952 tiveram imensa alegria e encorajamento com a chegada do irmão mais novo de Leila, James Crawford, com sua esposa Jenny que também foram chamados pelo Senhor para servi-Lo no Brasil, e que depois de um tempo de estudo da língua foram morar em São Joaquim, onde poderiam assistir à igreja que crescia, assim deixando William e Leila mais livres para continuar o trabalho em Uberaba.

OUTRAS ATIVIDADES

Alem de suas viagens e de constante pregação da palavra, vemos outra dimensão do esforço de Guilherme e Leila para alcançar a todos, em variadas atividades: 

Radio:

Deu inicio a um programa semanal de l5 minutos, onde com certeza muitas pessoas ouviram as boas novas, ainda que ele se sentisse desanimado pela falta de resultados visíveis. 

Hospitalidade:

Outra necessidade se manifestou quando Uberaba se tornou referência no tratamento médico, com bons hospitais e bom atendimento, servindo também às cidades vizinhas. Muitos crentes iam receber atendimento medico na cidade e eram sempre bem-vindos na casa dos Maxwell, alguns permanecendo por períodos prolongados.  O lar da família era acolhedor e alegre, pois Guilherme tinha muito bom humor e Leila era ótima anfitriã, assim sempre havia hospedes ou visitas na casa.

Acampamento:

No inicio dos anos 60 o pais estava se desenvolvendo, as igrejas locais crescendo e havia muitos jovens em todas elas.  Guilherme começou a pensar sobre um lugar especial para estes jovens e com o incentivo de alguns membros da igreja de Uberaba compraram uma chácara a uns 9 kms da cidade e deram inicio à construção de um acampamento.  Depois de muito trabalho, enfrentando todo o tipo de dificuldade o prédio ficou pronto, e o primeiro acampamento para jovens foi realizado em julho de 1964.  Daquela data até hoje, são realizados dois acampamentos para jovens por ano, e mais recentemente para crianças e casais.  Desde o inicio o lugar foi benção e é impossível dizer quantas pessoas foram salvas ali, ou saber o numero de outros que foram fortalecidos na fé, adquirindo um conhecimento melhor das Escrituras durante os períodos de estudo.

Ensino itinerante:

Com o crescimento do numero de igrejas em vários estados do Brasil, tornou-se necessário que mestres experientes pudessem viajar, levando o ensino bíblico necessário. Guilherme estava sempre pronto a ajudar, principalmente as igrejas mais isoladas e mais fracas.  Assim sendo, mesmo nos últimos anos de sua vida ele continuou sendo o que sempre fora, um pregador itinerante.  No final do século 20 e inicio do século 21 ele visitou muitos lugares distantes levando não somente um ensino sólido e prático, mas também visitando os lares e levando todo o calor de um amor sincero e de uma preocupação verdadeira pelo bem estar de cada irmão e irmã, com carinho especial pelas crianças.  E todos sabiam o quanto ele apreciava uma xícara de café quentinho. 

O POR DO SOL

Da mesma maneira que o sol se põe silenciosamente, mas com brilho intenso assim este homem de Deus passou os seus últimos dias, perdendo devagar a força física, mas mantendo até o fim sua paixão pelo Senhor e pelo Seu povo.  Sua companheira de vida foi levada para a presença do Senhor em 1988, mas apesar da tristeza e saudade ele continuou a fazer exatamente o que havia feito desde a sua chegada no Brasil e era muito amado e respeitado, não apenas entre o povo de Deus mas por todos aqueles que o conheciam e que foram tocados pela sua vida. 

Com 94 anos e muito fraco ele insistia em estar presente a todas as reuniões e ficava à porta, encostado na parede cumprimentando todos os presentes.  Nos últimos meses ele, às vezes, se mostrava confuso e voltava à sua língua natal ao orar, sendo que algumas vezes toda a sua oração foi feita em inglês.  Alguns diziam amém quando ele terminava, até que um dia alguém disse ao Julio Marcio: “como é que se pode dizer amém quando não entendemos o que ele falou”?  A resposta do Julio foi: “eu direi amém e amém a qualquer coisa que vem da boca do Sr. Guilherme”.

 No dia 15 de agosto quando o sol se punha em gloriosa exposição de cores, este homem simples, mas amado e respeitado foi triunfantemente recebido na Gloria, e apesar da tristeza pela sua falta louvamos a Deus na certeza de que em breve estaremos todos juntos novamente, EM CASA!

Leila Maxwell - nasceu em 23 de dezembro de 1909 e falaceu em 17 de dezembro de 1988

William Maxwell - nasceu em 19 de dezembro de 1909 e faleceu dia 15 de agosto de 2005

Ambos estão sepultados em Uberaba - MG.

Ronaldo Watterson
Agnes Penna Maxwell