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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

NELE ESPERAREI




 
“Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13:15)

Este versículo é como uma rolha dentro de uma bacia com água. Por mais que eu queira que ela permaneça no fundo, ela sobe à tona.

Quando Deus não responde a minha oração, quando os meus planos de repente ficam frustrados, como reage meu coração? Eu que esperava a cura que não veio da pessoa que tanto amo. O emprego tão sonhado que vinha suprir todas as minhas necessidades. O dinheiro tão esperado, mas que me foi negado com um simples "não posso emprestar".

Nessas ocasiões, me vem à mente o versículo mencionado por Jó. Fico imaginando Jó sentado na presença dos seus amigos, com um caco em sua mão para limpar as feridas, os tumores importunando aquele corpo frágil, em outros tempos tão hígido, expressando tais palavras para espanto de todos: “Ainda que ele me mate, nele esperarei".

Por certo teria clamado por sua saúde, pela recuperação dos bens que se perderam, pelo consolo da perda dos filhos, mas o que se via era uma forte e inabalável esperança.

"Ainda que ele me mate, nele esperarei". Vejo nesta expressão a fé sublime deste homem que não se encontra na galeria dos homens de fé, embora seja um daqueles que foram "desamparados, aflitos e maltratados" (Heb.11:37), e que foi citado por Tiago como um "bem-aventurado": (Tiago 5:11). “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”.

Que lição posso tirar desta notável declaração de Jó? Continuar o meu lamento, ou crescer na minha fé? Sem dúvida, confiar naquele que é Soberano e que conhece todas as minhas necessidades, e que não está ausente da minha dor.

Jó entregou-se nas mãos daquele que julga retamente “O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente.”(I Pedro 2:23)

Jó continuou esperando. "Ainda que ele me mate, nele esperarei". Se a cura da sua dor não chegasse a tempo, a esperança era qual chama viva em seu coração, afirmando que mesmo morto, Deus seria o seu redentor. “E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior”. (Jó 19:26, 27).

Embora não tenhamos a mesma paciência e fé deste homem valoroso, nem tampouco tenhamos a coragem de imitá-lo na expressão “ainda que ele me mate”, façamos nossa oração incluindo a expressão: “ainda que a cura não chegue, que o emprego sonhado não venha...ainda...ainda...nele esperarei”.

Que em face das circunstâncias sombrias que crescem à minha volta, das provações que tendem a me sufocar, todas querendo me desviar dos céus, que este versículo seja um estímulo à minha fé, e que eu, como uma rolha na bacia das provações, possa flutuar bem próximo do coração de Deus, pois nada conseguirá me deixar no fundo. “Ainda... nele esperarei”.

Que assim seja

Orlando Arraz Maz  ©