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São Bernardo do Campo, São Paulo, Brazil

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pedro, apóstolo, pregador e pastor


Foto de Lumina Multimídia: Esta igreja foi construída,,onde, tradicionalmente,seria o local do café da manha de Jesus com seus discípulos em João 21.Dizem que a rocha ao lado da igreja foi o lugar onde Jesus chamou os seus discípulos


Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos.

 Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas.

 Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.(João 21:15-17)

Este diálogo emocionante deve ter causado um susto em Pedro. Suas emoções estavam agitadas devido aos últimos acontecimentos. A manhã da ressurreição, a corrida até ao sepulcro, a conversa de Jesus com Tomé, e agora, o encontro na praia, após uma noite de cansaço e frustração.

Quase três anos se passaram desde que se encontrou com o Senhor na condição de um pescador; logo em seguida foi convidado para ser um discípulo, um pescador de almas, e finalmente, nesta ocasião, saiu da presença de Jesus com o honroso ofício de pastor: “Apascenta as minhas ovelhas”.

Será que Pedro entendeu bem esta responsabilidade dada por Jesus? Este convite tão honroso?Um homem rude, agora um pastor de cordeirinhos. Aquelas mãos calosas e pesadas de um pescador, agora seriam usadas como as mãos de um pastor.

Podem existir diferenças entre as mãos de um pescador, acostumado às cordas pesadas, às redes muitas vezes cheias, com as mãos de um pastor, ora dando de beber ao rebanho, ora acariciando, ou mesmo carregando a ovelha ferida em seus braços? Há um ponto em comum: as mãos precisam ser hábeis e fortes.

Logo, após a ascensão do Senhor Jesus, demonstrou seu dom de evangelista, levando, com a sua pregação, quase três mil almas aos pés de Cristo. A mensagem do arrependimento, a mesma pregada por Jesus, teve um efeito surpreendente naquele dia memorável para a igreja.

Este resultado é prova evidente do cumprimento da promessa do Senhor Jesus: “...não temas; de agora em diante serás pescador de homens”. (Lucas 5:10)

Nem sempre o pregador é um pastor, mas Pedro demonstrou sua capacidade tão notável no exercício destes dons ao longo de seu ministério. Seu modelo era Cristo e ele procurava segui-lo a cada dia.

Nos primeiros dias da igreja aplicou a disciplina em Ananias e Safira, e com o mesmo zelo que alcançava corações, foi enérgico diante da conduta reprovável deste casal.

O pastor é o homem de Deus que sabe dosar a força de seus argumentos e aplicá-los na ocasião própria.

Certa vez, impulsionado pelo Espírito Santo, levou a mensagem de salvação a Cornélio, abrindo a porta do Evangelho, de uma vez por todas, aos gentios. E esta graça maravilhosa custou-lhe uma lição inesquecível que recebeu como ensino da parte do Senhor (Atos 10).

O pastor é o homem que se curva diante das lições amargas quando estas são dadas pelo Senhor e tira delas um manancial de bênçãos para si e para o rebanho. É aquele que conhece suas deficiências, mas que, uma vez corrigidas pela Palavra do Senhor, aceita a correção da melhor maneira possível.

O pastor é o homem que corrige e sabe ser corrigido. A força que coloca na aplicação deve ser a mesma com que recebe a correção.

Não é pastor o que se impõe pela força como alguém que nunca erra, mas é pastor o que sabe compreender seu erro e corrigi-lo com dignidade.

Pedro foi assim. Ao ser repreendido por Paulo no tocante aos alimentos, conforme lemos em Gálatas 2:11 a 14,não guardou qualquer rancor, nem retrucou imediatamente. Bem poderia pensar na sua posição entre os discípulos, a tarefa deixada por Jesus e todo o seu vasto conhecimento que alcançara naqueles três anos, e assim, prontamente revidar a repreensão de Paulo. Mas não. Mais tarde encontramos o próprio apóstolo escrevendo sua segunda carta, fazendo uma menção extremamente carinhosa à pessoa de Paulo (II Pedro 3:15).

O pastor não guarda mágoas nem se torna um repositório de futuras revanches.

Pouco material temos do seu pastorado na leitura de Atos dos Apóstolos; mas em compensação, ao lermos as suas duas cartas, podemos descobrir como era seu coração em relação ao rebanho do Senhor.

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente,nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (I Pedro 5:2,3).

Novamente vemos cumpridas as palavras de Jesus Cristo ditas naqueles dias que já ficavam para bem distantes: pescador de almas e pastor de cordeirinhos.

Muitos anos se passaram, e Pedro desempenhava as funções de um verdadeiro pastor entre o rebanho.Um entre os demais pastores. “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar” (I Pedro 5:1).

Não era o supremo pastor, mas aquele que aguardava a vinda do Sumo Pastor das ovelhas. Aquele que tratava com carinho e voluntariamente o rebanho que lhe fora confiado pelo Senhor.

O apóstolo Pedro, sem dúvida, teria provado na sua vida tais palavras. Toda a impetuosidade daqueles dias tinha terminado, pois jamais usara sua personalidade para ditar regras ou impor ordens. Era simplesmente o servo e apóstolo de Jesus Cristo. Queria usar esta credencial entre aqueles que desfrutavam da mesma fé.

Que lição oportuna podemos tirar desta vida tão usada e desgastada na obra do Senhor. Que bendita humildade colocar-se em pé de igualdade com os demais presbíteros, escondendo-se atrás da cruz do seu amado Salvador.

Há um grande prejuizo em não observar tais ensinos em nossos dias, quando muitos desejam o lugar de destaque, ou primazia. Quando os títulos de tratamento tão honrosos são exigidos e a reverência se vê em toda a parte.

As lições de Pedro são lições de vida de um verdadeiro pastor de cordeirinhos.

A humildade de Jesus naquela noite em lavar os seus pés falou profundamente à sua alma, e no decorrer dos anos os efeitos daquela majestosa lição, mais fulgurante se destacavam.

Queria ser um pastor seguindo as pisadas do Sumo Pastor, colocando em prática o seu amor e cuidado pelo rebanho. Jamais esquecera o ensino daquele dia, quando Jesus convidou os seus discípulos para descansarem num lugar à parte: “E disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco...” ou “ ...e Jesus viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não tem pastor...”(Marcos 6: 31,34). Por certo,este cuidado de Jesus para com os discípulos e para com o povo ficou marcado para sempre em seu coração.

Assim é o pastor. O modelo está na Palavra de Deus.

Que não haja nenhuma inovação em seu figurino, pois qualquer alteração esmaecerá a luz divina que é colocada na vida do pastor.

Quer sejamos pregadores ou pastores, sigamos os passos do apóstolo Pedro, que por sua vez fixou seus olhos na pessoa do Sumo Pastor.

Que a coroa incorruptível de glória seja o desejo de cada coração na vinda do Senhor Jesus, o Sumo Pastor(I Pedro 5:4).

E, sem dúvida, o Grande Pastor das ovelhas há de coroar o ministério dos seus filhos, quer sejam eles discípulos, pregadores, ou pastores.


Orlando Arraz Maz