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sexta-feira, 4 de maio de 2018

"ROSKOPF" - O RELÓGIO DO MEU PAI



                
Creio que poucos ouviram falar do relógio de bolso “Roskopf Patente”. Pois bem, este era o relógio do meu pai. Nas ocasiões especiais, e nestas se incluíam à ida aos cultos da igreja, quando colocava seu terno bem cuidado, colete, e ostentava sua preciosidade – o Roskopf. Assim se trajava, pois aos domingos frequentava a casa do Pai, e Jesus era seu Rei. Durante a semana era um operário da Prefeitura de São Paulo.

Não tenho certeza, mas penso que ganhou o “Roskopf” de seu pai, ainda jovem. Para as tarefas do dia-a-dia, usava um relógio de pulso, marca Ômega. Mas o Roskopf era seu preferido, e pendurado numa corrente de prata que luzia à distancia, guardava-o com cuidado.

Algumas vezes me via observando o relógio, e ficava encantado com seu maquinário todo dourado na parte de trás, que era transparente. Era uma obra perfeita, que me inspirou a aprender o ofício de relojoeiro, montando e desmontando alguns relógios. Não segui a profissão.

O “patacão”, assim chamado, era um amigo inseparável de meu pai. Batia dentro dele uma engrenagem que se movia à corda, e em meu pai um coração movido pelo sangue. Um dia, ambos pararam de funcionar. Meu pai partiu para a eternidade, e o relógio para uma gaveta. Seus ponteiros estavam estáticos, um de cada lado, e meu pai com as mãos sobrepostas num caixão.

Não sei o destino do relógio, que deve estar em algum lugar, quem sabe, ainda parado, sem funcionar. Sem brilho, sem cuidado, com as marcas do tempo. 

Mas, seu companheiro das horas, meu pai, sei onde  está, e sei que não precisa de relógio. Lá o “patacão” e tantos outros não funcionam, pois se trata da eternidade. 

Lá, meu pai descansa nos braços de Jesus, no brilho da eternidade, onde não há marcação do tempo.  

E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos”.(Apoc. 22:5).

Que assim seja

Orlando Arraz Maz©