Creio
que poucos ouviram falar do relógio de bolso “Roskopf Patente”. Pois bem, este
era o relógio do meu pai. Nas ocasiões especiais, e nestas se incluíam à ida
aos cultos da igreja, quando colocava seu terno bem cuidado, colete, e
ostentava sua preciosidade – o Roskopf. Assim se trajava, pois aos domingos
frequentava a casa do Pai, e Jesus era seu Rei. Durante a semana era um
operário da Prefeitura de São Paulo.
Não
tenho certeza, mas penso que ganhou o “Roskopf” de seu pai, ainda jovem. Para
as tarefas do dia-a-dia, usava um relógio de pulso, marca Ômega. Mas o Roskopf
era seu preferido, e pendurado numa corrente de prata que luzia à distancia,
guardava-o com cuidado.
Algumas
vezes me via observando o relógio, e ficava encantado com seu maquinário todo
dourado na parte de trás, que era transparente. Era uma obra perfeita, que me
inspirou a aprender o ofício de relojoeiro, montando e desmontando alguns
relógios. Não segui a profissão.
O
“patacão”, assim chamado, era um amigo inseparável de meu pai. Batia dentro
dele uma engrenagem que se movia à corda, e em meu pai um coração movido pelo
sangue. Um dia, ambos pararam de funcionar. Meu pai partiu para a eternidade, e
o relógio para uma gaveta. Seus ponteiros estavam estáticos, um de cada lado, e
meu pai com as mãos sobrepostas num caixão.
Não
sei o destino do relógio, que deve estar em algum lugar, quem sabe, ainda
parado, sem funcionar. Sem brilho, sem cuidado, com as marcas do tempo.
Mas, seu
companheiro das horas, meu pai, sei onde
está, e sei que não precisa de relógio. Lá o “patacão” e tantos outros
não funcionam, pois se trata da eternidade.
Lá, meu pai descansa nos braços de
Jesus, no brilho da eternidade, onde não há marcação do tempo.
“E ali não haverá mais noite, e não
necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará; e reinarão pelos séculos
dos séculos”.(Apoc. 22:5).
Que assim seja
Orlando Arraz Maz©
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