Ela chegou de mansinho. Veio de um lugar distante.
Ostentava uma cultura grega, pois sua origem era das terras da Fenícia.
E encontrou a casa certa.
Era aquela mesmo. Não foi difícil encontrá-la, apesar de o Mestre ser enfático:
“Que ninguém saiba onde estou”
E sorrateiramente, sem ser notada, entrou.
Jesus estava lá.
Trazia o coração dolorido e os olhos cansados de chorar,
E trazia, também, algo que ninguém podia ver: esperança e fé.
Desejos muitas vezes escondidos no mais profundo ser.
E lançou-se aos pés de Jesus, adorando-o e clamando por socorro:
“Minha filhinha está possessa por um espírito imundo”
E Jesus permaneceu calado, mas não permaneceu distante.
Ele pode olhar nas profundezas daquela alma e sentir a dor daquela mãe.
Ora, ele também tinha sua mãe, ele também era filho.
E Jesus quis testar a fé daquela mulher, ao responder-lhe:
“Preciso dar de comer ao meu povo, pois para eles eu vim”.
“Não é bom desperdiçar o alimento que dá vida e jogá-lo aos cachorrinhos”
E a mulher, ainda prostrada ante aqueles santos pés,
Na total dependência do poder de Jesus, exclama:
“Mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças”
E Jesus elogia a magnitude da fé e da humildade daquela mulher, e responde-lhe:
“Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu da sua filha”.
E chegando a casa encontrou-a totalmente libertada.
Que eu seja,Senhor, aquela mulher aflita.
E que possa encontrá-lo levando meu coração ferido.
E quantas são, Senhor, as minhas angústias! O medo do amanhã,
O abandono, o assalto, o bandido na esquina, meus filhos na escola...
O inimigo de minha alma querendo possuí-la, levando-me para longe dos teus braços.
Que eu seja aquela mulher, Senhor, e que não meça qualquer esforço para encontrá-lo.
Eu sei que estás sempre por perto. E sabes a razão das minhas lágrimas.
Que eu seja aquela mulher de fé, Senhor, que não argumenta diante da resposta,
Que não se ofende, que não revida, que não lhe trata mal.
E que sabe que só em ti há soluções, não só para o dia a dia,
Mas para o dia eterno, quando tu enxugarás dos olhos toda lágrima;
e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor;
porque já as primeiras coisas são passadas.
Que eu adore como aquela mulher, Senhor, mesmo no mais profundo abismo da minha alma.
E que, prostrado aos teus pés, encontre a solução tão desejada.
E possa descansar em paz e voltar para casa confiante e triunfante:
“Jesus libertou-me das garras do inimigo”.
“Louvadas as migalhas que comi das tuas mãos”
Orlando Arraz Maz
Mateus 15:21 a 28
Marcos 7:24 a 30:
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