Quase sessenta anos se passaram desde que pelo menos três ocasiões impactaram a vida do apóstolo João.
Uma delas foi quando viu o rosto de Cristo transfigurado no “monte santo”, nas palavras do apóstolo Pedro.
A outra, do alto da cruz, totalmente lacerado, quando ergueu sua voz deixando instruções para que ele cuidasse de sua mãe.
A última foi esta, em espírito, na ilha de Patmos.
No monte santo ele viu o Deus da Glória; na cruz o varão de dores descrito pelo profeta Isaias, e em Patmos o Juiz vestido em trajes judiciais pronto para confortar com sua presença o apóstolo do amor.
João não é mais o moço que podia correr juntamente com Pedro na manhã da ressurreição. Os anos chegaram. E mesmo idoso, com mais de 90 anos, foi conduzido preso à ilha de Patmos, um presídio a céu aberto, uma colônia romana onde se exilavam prisioneiros políticos. “Ali esses prisioneiros perdiam todos os seus direitos civis e toda a possessão material. Eram obrigados a trabalhar nas minas daquela ilha, vestindo-se de trapos. A ilha ficava no Mar Egeu e tinha 16 km de comprimento por 10 km de largura, uma ilha nua, vulcânica, com elevações de até 300 metros”(Estudos no Livro de Apocalipse de Hernandes Dias Lopes).
Não temos detalhes das condições físicas do apóstolo do amor naquela ilha inóspita. A razão nos leva a pensar que se uma pessoa idosa tem suas próprias deficiências em razões normais, muito mais em situações adversas como as que viviam o apóstolo.
Lá estava o apóstolo sentenciado pelo “testemunho de sua fé na pessoa do Senhor Jesus Cristo”, consoante suas próprias palavras. Não estava por razões políticas, revoltas pessoais contra o imperador, ou por quaisquer outros atos. Estava na defesa de sua preciosa fé.
E lá na ilha de Patmos foi levado para perto do Trono e contemplou a Glória do seu maravilhoso Salvador.
Que majestosa compensação para tanto sofrimento: contemplar a glória indizível do Senhor Jesus.
Quantas vezes o sofrimento nos leva às nossas “ilhas de Patmos”: uma doença incurável aos olhos humanos, as adversidades da vida, as rajadas tempestuosas como a falta de emprego, de alimentos, de amigos que nos abandonaram, de famílias que nos esqueceram, e tristes, nos isolamos e nos lamentamos.
E ainda há os que foram abandonados por abraçarem sua fé na pessoa do Senhor Jesus. Como os antigos cristãos hebreus que foram “espoliados de seus próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores e permanentes”(Hebreus 10:34).
As nossas “ilhas de Patmos” podem se transformar na antessala do céu, e nos levar a contemplar as glórias do Senhor Jesus bem pertinho do seu Trono.
Entretanto, para ouvir a voz que vem do Trono, é necessário que estejamos pertos, como João. Assim foi sua vida na Escola do Senhor Jesus. Sempre perto do seu coração de amor.
Em “Patmos” o Senhor Jesus quer nos falar. Ele vem até nós. Ele deseja nos tocar e nos mostrar as belezas da sua Glória.
Há uma canção que diz: “Deus no trono ainda está e sempre comigo estará; seja onde for, grande é seu amor, Deus no trono ainda está”
Não importa nossas condições. Ele pode descer do trono, nos tocar e aumentar todo o nosso vigor. Limpar nossas lágrimas e curar nossas feridas.
Que assim seja para sua honra e glória.
Orlando Arraz Maz
Um comentário:
Óimo! De verdade, que assim seja. Grato. Abraço
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