Não faz muito tempo deparei-me com um artigo que veio às minhas mãos, casualmente, respondendo a seguinte pergunta:
“Como interpretar o verso bíblico: “as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas estejam submissas como também ordena a lei” (I Cor.14:34). Será que a Bíblia ensina que as mulheres não podem falar na Igreja ? Como explicar isto” ?
A argumentação contida na resposta, à medida de sua leitura, tornava-se enfadonha, pois não havia qualquer conteúdo espiritual. Mesmo enfadado, consegui chegar ao final do artigo, cuja conclusão peço a licença ao amado leitor para sua transcrição:
“Conclusão: Paulo não sabia nem imaginava o potencial das mulheres, sua época não permitia pensar corretamente neste particular. Hoje, porém, a maior igreja do mundo, de Paul Yang Choo, é um sucesso devido aos grupos familiares, que os homens não conseguiram liderar com êxito, mas sim as mulheres que fizeram com sua dedicação a Igreja de Paul Yang Choo na Coréia, a maior igreja do mundo”.
E conclui: “Portanto, quase 100% das igrejas cristãs, aceitam o fato de as mulheres participarem em suas atividades, ainda que, em muitos casos, os homens ocupem os cargos de maior responsabilidade”.
Embora abismado com esta colocação absurda, confesso que tirei boas lições para minha vida espiritual, as quais, de maneira simples, desejo compartilhar com o leitor deste artigo.
1) A inspiração divina da Palavra de Deus:
Como usarmos uma Bíblia cujas partes são inspiradas, outras não? É como se adquiríssemos um veículo cuja garantia estaria condicionada somente a algumas partes do mesmo. Como estaria o seu possuidor ao dirigi-lo: “bem, se fundir o motor, a garantia da fábrica não cobre; mas a garantia do sistema de arrefecimento está coberta; não tenho a garantia de câmbio.” Já imaginaram a intranquilidade deste proprietário ?
Bem, podemos transportar este pálido exemplo para o terreno espiritual:
“Esta passagem das Escrituras que fala da minha salvação é verdadeira; esta, que fala do inferno,não é; esta que fala do pecado tem somente 50% de verdade; esta que fala da divindade de Jesus é duvidosa.”
Que seria da tranquilidade espiritual do ser humano ! Um vale de dúvidas, incertezas e desilusões.
Pois bem, a conclusão a que chegou o subscritor daquela resposta, nos leva a pensar que ele não confia na autenticidade total das escrituras.
E para ter certeza desta minha afirmação, em minha teimosia, consultei um seguidor da mesma seita do autor do artigo, indagando-o se aceitava a total inspiração da Palavra de Deus. E sua resposta veio imediatamente:“algumas partes, sim; outras, não, pois os homens mudaram os originais.”
Louvado seja Deus porque seus verdadeiros filhos não pensam assim.
Quando Paulo escreveu para seu filho Timoteo: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2ªTim. 3:16,17) , ele quis dizer “TODA ESCRITURA”. Não apenas uma parte, ou algumas passagens.
O autor das Sagradas Escrituras é o Espírito Santo.
O apóstolo Pedro em sua carta afirma: “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(II Pedro 1:21). Ele afirma que os apóstolos “pelo Espírito Santo enviado do céu pregaram o Evangelho (I Pedro 1:12). E coloca os escritos de Paulo no mesmo plano elevado das “outras Escrituras” ao dizer: “...o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada...em todas as suas epístolas...que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras...(II Pedro 3:15,16 ).
É surpreendente e aterradora a conclusão daquele artigo, no qual Paulo “não sabia nem imaginava o potencial das mulheres, sua época não permitia pensar corretamente neste particular...”.
Então, a conclusão a que chegou o subscritor daquela resposta é que Paulo não escreveu pelo Espírito Santo esta parte das Escrituras, ou, caso contrário, que o Espírito Santo seria incapaz de revelar a Paulo o potencial da mulher.
2) As seitas ao nosso redor não aceitam a Palavra de Deus, as Sagradas Letras, na sua totalidade e divinamente inspiradas. Preferem interpretações de pessoas profanas que são seguidas e obedecidas por elas. Chegam a citá-las sempre em primeiro lugar em seus escritos e em suas prédicas, relegando a Palavra de Deus para um segundo lugar. É lamentável como o inimigo tem cegado a tais pessoas, a fim de que não vejam as belezas de Cristo em TODA A ESCRITURA - de Gênesis à Apocalipse.
Algumas seitas não aceitam a divindade de Jesus Cristo, outras não têm a segurança da salvação; outras entendem que o sofrimento no inferno não é eterno, que não existe pecado no homem, que a morte de Cristo de nada serviu, que a ressurreição foi um embuste, e assim por diante. Por que? Porque não aceitam a total e plena inspiração das Escrituras.
Quando o verdadeiro filho de Deus, aquele que recebe a Cristo como Deus - Salvador (João 1:12), entende o plano de salvação, o Espírito Santo vem fazer nele morada permanente, levando-o a convicções espirituais internas e tornando as Escrituras como mananciais de bênçãos.
“ Sua fé não depende de provas externas, mas de experiência íntima. O crente vive pelas Escrituras e deleita-se na sua luz. Tem uma segurança consciente e íntima de que é filho de Deus, e de que as Escrituras são a Palavra de Deus. As provas externas servem para classificar e fortalecer a sua fé, mas a prova absoluta e infalível de que o sistema Cristão é, sem dúvida, o verdadeiro sistema, encontra-se no testemunho do Espírito Santo no seu coração, quando lê, e na sua experiência como crente. Mesmo que não possua o conhecimento de todas as evidências escolásticas e científicas, que lhe permitem defrontar os críticos destrutivos no seu próprio terreno, o crente repele as suas dúvidas da mesma maneira como fez o cego curado pelo Salvador, que replicava a todos os argumentos dos fariseus, com a sua convicção inabalável: “Se é pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo” (Citação de A Inspiração das Escrituras de Boethner e Warfield - pgs 73/74).
3) Por último, aprendi com esta falsa interpretação que aqueles que não têm o Espírito Santo, não podem entender as coisas do Espírito. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.(I Cor. 2:14).
Que a convicção de cada filho de Deus, no tocante à veracidade das Escrituras, aumente sempre.
O inimigo através dos tempos sempre procurou colocar em dúvida a Palavra de Deus. Começou no Éden e nunca mais parou. Hoje ele se infiltra em homens religiosos, agrupamentos que crescem a cada dia, porque seus seguidores não deixam a luz de Cristo raiar em seus corações.
Que possamos combater as falsas doutrinas estudando e amando sempre as Escrituras, tal como fazia Timoteo desde sua infância: “ E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”.
Orlando Arraz Maz
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