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sexta-feira, 13 de março de 2015

O IRMÃO DO FILHO PRÓDIGO



A parábola do filho pródigo é como uma pedra de rara beleza incrustada na Palavra de Deus que é uma joia completa e perfeita. É a mais sublime. Desde que foi contada por Jesus e escrita por Lucas, tem sido explorada por toda a classe de pessoas,como artistas reproduzindo as mais lindas telas, como escritores dando as interpretações mais diversas, e por pregadores que tem falado do amor do Pai em busca do filho que se perdeu.

Com toda maestria Jesus contava parábolas. É o mestre por excelência, único e incomparável, que aborda temas de rara beleza e profundidade sem limites. Quando deseja ensinar sobre a humildade, usa como exemplo uma criança; quando quer falar sobre o poder do mal usa o fermento como figura; quando quer falar da influência da igreja usa a figura do sal e da luz. Tal era o seu encanto que as pessoas disputavam um lugar perto de sua pessoa, e nem se importavam com o passar das horas, com a fome, com o sol inclemente, com as pedras do deserto. O magnetismo de Jesus atraia a todos e ao mesmo tempo incomodava fariseus, publicanos, saduceus, e toda a classe de pessoas religiosas.

O filho perdido e que foi achado tem sido motivo de destaque na parábola. É aquele que se esgueirou pela senda do pecado, dissipou todos os bens de seu pai vivendo sem dignidade, chegando a ofuscar o filho que permaneceu no lar junto do pai.. Ao “cair em si”, como narra o evangelista Lucas, o filho inicia o caminho da volta. Pensa no pai, no lar, na fartura, no amor e decide voltar. Abençoado regresso, pois não só encontra o abraço do pai amoroso, mas uma festa para si e seus amigos, uma roupa nova, um anel de valor, uma sandália macia. Só não encontra na casa o irmão que ficou.

Pouco se fala ou se escreve sobre ele, quase nada. É sobre este filho, o que permaneceu na casa que desejo tecer algumas ideias.

Penso naqueles que nunca abandonaram a casa do Pai; que nunca seguiram pelos caminhos de miséria, pecados, e tantos vícios. São os que estão na casa do Pai, mas que não têm intimidade com ele. São filhos que estão na igreja, que não desfrutam das bênçãos de serem filhos e que não têm o prazer na casa do Pai.

São os filhos perdidos dentro de casa – dentro da igreja.

Estão na casa do pai e não se alegram com a salvação dos pródigos, perdidos e extraviados do caminho e que foram recuperados pelo Pai. Não tem alegria, como a alegria que inunda os céus, na volta de filhos que se perderam longe da casa do Pai.

Esquecem que a casa do Pai é o lugar da restauração, onde os perdidos e restaurados devem ser recebidos com alegria e como irmãos. O Pai é o Pai da segunda chance. É o Pai de toda a graça.

Ao contemplar a festa na casa do pai, e ao ouvir o som de música e a alegria nas danças, o insensível irmão se aborrece e pergunta a um empregado o que tudo aquilo significava. E a pronta resposta chegou aos seus ouvidos: “Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde” (Lucas 15:27). E o texto sagrado continua: “Ele se indignou e não queria entrar”.

Revoltado, responde ao seu pai: “vindo esse teu filho...” Melhor teria dito: “esse meu irmão”. Mas não. Seu coração não tinha espaço para o irmão restaurado. Permaneceu por muito tempo dentro da casa do pai, mas não conhecia o amor que se regozija com o irmão restaurado. Um coração totalmente congelado.

O filho mais velho, assim conhecido, retrata os que estão confinados dentro da casa do pai, sem alegria ou prazer, quando vidas estragadas pelo pecado encontram a salvação em Cristo, ou quando os que foram apanhados pelo pecado com feridas profundas, voltam com alegria para os braços do Pai totalmente restaurados. Como o filho mais velho, não se alegram, apenas criticam, viram os ombros, e em seu corações proferem sentenças condenatórias.

A majestosa parábola termina com o filho que estava fora, dentro de casa, e o filho mais velho que permaneceu dentro, fora de casa. Que quadro pálido e triste!

Que a lição do filho mais velho traga mudança nos corações daqueles que dentro de casa, permanecem sem se importar com os que estão do lado de fora.

Que assim seja

Orlando Arraz Maz

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