“Ora, descendo ele do monte, grandes
multidões o seguiram.
E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o dizendo:
Senhor, se quiseres, pode purificar-me.
E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo:
Quero, fica limpo.
E imediatamente ele ficou limpo de sua lepra” (Ev. Mateus 8:1 a 3).
Se eu fosse um artista com uma
tela à minha frente, faria um retrato dos dois rostos, o de Cristo e o do
leproso, tendo como fundo o monte de onde Jesus descia acompanhado da multidão.
Daria destaque aos contrastes
daquele encontro, retratando o homem perfeito diante do homem desfigurado. Quem
já viu um leproso entende muito bem.
Jesus encantara os discípulos e a
multidão com seus ensinos, especialmente com as bem-aventuranças. Não há nada
semelhante ao Sermão do Monte em toda a literatura do mundo, produzida através
dos anos. Nem tampouco haverá, porque é a mensagem que fluiu do coração do
Homem-Deus, que se identifica através de cada frase pronunciada no monte
bendito.
“Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.
Enquanto caminhou neste mundo seu
ensino foi coerente com a sua vida.
Ao descer do monte, seu olhar de
misericórdia alcança o infeliz leproso e penetra o seu olhar, vazio, profundo,
sem vida. As mãos de Cristo, fortes, vigorosas, que com seu gesto acalmavam a
tempestade, ou enxugavam as lágrimas da viúva de Naim diante da perda do filho
único, agora tocam no corpo coberto de lepra.
Sua compaixão atravessa
barreiras, quebra preconceitos, ofendem religiosos, vai de encontro à lei
levítica. E tudo para dar saúde ao corpo deformado, desprezado, que afugentam
grandes e pequenos. É o grito do homem desesperado. “Senhor, se quiseres, podes
purificar-me”. E aquele encontro transformou o corpo do leproso no corpo mais
perfeito e sadio.
É sempre assim. Quando Jesus toca
nas vidas, exercitando sua misericórdia, ficamos parecidos com Ele. O caráter é
modificado, o coração é inundado de gozo, a vida é mais feliz. A lepra não mais
existe.
E ao terminar meu quadro,
mostraria em cores vivas o sorriso de Jesus e o espanto do leproso, ao olhar-se
admirado vendo sua pele como a pele de um bebê.
Jesus é maravilhoso. Não tem medo
nem asco de tocar vidas imundas e cobri-las com as vestes da salvação.
Não há ninguém que ao receber seu
toque de misericórdia, saia de sua presença com manchas no coração e no
caráter.
Ele tem poder para purificar,
ainda hoje, com seu precioso sangue, vidas estragadas pela lepra que é o pecado,
porque é um Deus de misericórdia.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz
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