"E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
É me dado todo o poder no céu e na terra.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado;e eis que eu estou convosco todos
os dias até a consumação dos séculos”. Mat. 28:18-20
A obediência ao chamado de Cristo para a propagação do Evangelho com a conversão de almas é um rico privilégio e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade dada por Deus a todo o crente.
Há
aqueles que exercem esse
"munus" de Deus conciliando com seu trabalho rotineiro: evangelizando parentes , amigos e pessoas à
sua volta. E não perdem as oportunidades.
Mas há
os que se sentem chamados para esse trabalho de forma exclusiva.
São os
cristãos, os quais denominamos
"irmãos ou irmãs de tempo integral".
Normalmente
são membros de igrejas, ativos, dedicados, cooperadores fiéis, que não medem
esforços no serviço do Senhor.
Também
são irmãos estudiosos das Escrituras, conhecedores das doutrinas básicas da fé,
muitos dos quais, provavelmente, passaram por cursos bíblicos, quer por
correspondência, ou mesmo aqueles ministrados em igrejas, por irmãos de um
profundo saber na Palavra de Deus.
E com tais
conhecimentos, seguindo a orientação clara do Senhor, partem para o campo,
ávidos pela conquista de almas.
Entretanto,
surgem algumas indagações:
O
preparo do obreiro está restrito aos conhecimentos da Palavra de Deus ?
Seria
necessário um conhecimento complementar?
Uma
busca incessante de conhecimentos hodiernos, que englobem a história,
geografia, política etc. ?
Antes
de atentarmos para as nossas indagações, necessário se faz esclarecermos que para
o atendimento do IDE do Senhor Jesus, não se exige um curso de teologia,
bastando o servo do Senhor sentir-se vocacionado para a obra. Mas, partindo
desta premissa, passamos para outro extremo, sob a alegação de que realmente
nada mais precisa. Lamentavelmente é aí, exatamente, o cerne da questão.
Nos
meios denominacionais temos a figura do pastor que centraliza em si o poder. Deve ser elemento preparado, e nisto devemos reconhecer algo de positivo, pois
ao concluir seu curso teológico ele é portador de um vasto conhecimento, não só
bíblico, mas em todas as demais áreas do conhecimento.
Claro
que não ocorrem com todos os pastores, pois existem aqueles que nem o dom de pastorear
possuem.
Porém,
o que nos interessa nestas breves linhas, não é atacar as denominações, onde há
irmãos e pastores muito preciosos, mas tirar deles o exemplo de uma boa cultura.
Em
nosso meio não temos a figura do pastor nos moldes denominacionais.
Há presbíteros
responsáveis perante Deus pelo rebanho a eles confiados, especialmente no
ensino da doutrina e dentre estes podem existir os verdadeiros pastores que zelam
pelos membros.
A igreja
local, através dos presbíteros, deve incentivar os que se sentem chamados para
a obra missionária, a um melhor preparo. Não se trata do preparo bíblico, pois
este deve estar acima de todos os demais. Mas, sem dúvida, de conhecimentos
básicos nas demais áreas.
É
muito triste quando o obreiro, ou mesmo qualquer crente atuando na obra, ao dirigir uma reunião, ao
falar ninguém consegue ouvi-lo; ao ler ninguém entende, e quando começa a pregar apresenta uma mensagem
totalmente confusa com pensamentos esparsos.
Sem
dúvida muitos dirão: "o Espírito Santo tem seus meios, e mesmo assim pode
ocorrer conversão", mas esta
premissa não autoriza o servo de Deus a ser descuidado .
Já é
tempo de mostrar aos nossos jovens,irmãos e irmãs, aqueles que mais tarde poderão ser
chamados, que além de um andar digno e santo na presença de Deus, um preparo
sempre é bem recomendável
Olhando
para a Palavra de Deus, descobrimos que Paulo era um homem que estudava. Que
gostava de ler. Em II Tim.4:13, faz
menção de "livros". Que livros seriam esses?
“Quando vieres, traze a capa que
deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os
pergaminhos”.
Tem
sido muito comentado esse versículo no tocante aos livros. Penso que seriam
livros de escritores seculares, de sua época, pois estando em Atenas, em
seu discurso, faz menção de poetas
gregos.
“Porque nele vivemos, e nos movemos, e
existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua
geração”. (Atos 17:28)
Então,
as indagações feitas acima comportam as seguintes respostas:
O
preparo do obreiro não está restrito aos conhecimentos da Palavra de Deus.
Portanto,
faz-se necessário um conhecimento complementar, assim como uma busca incessante
de conhecimentos atualizados, que englobam a história, geografia, política etc.
O
preparo, portanto, se torna indispensável, não somente de obreiros, mas de todo
crente, homem ou mulher, que é utilizado no âmbito das permissões contidas na
Palavra de Deus.
Hoje
são poucos os irmãos e irmãs que leem livros seculares. E pela falta de leitura, quando leem a Bíblia, se assustam com palavras que lhes parecem fantasmas. E aí
começam a gaguejar ,a soletrar , e muitas vezes desistem e passam por cima da
palavra.
Já é
tempo de ajudarmos nossos queridos jovens. É tempo, também, de que cada jovem
se conscientize dessa verdade e busque auxílio. E que faça um esforço neste
sentido.
As
igrejas podem criar cursos onde eles exercitem suas leituras, aprendam a falar
em público. E caso esta tarefa seja difícil para uma igreja local, que indique cursos
nestas áreas.
E isto
é possível, embora possa custar trabalho.
Há
aqueles que têm tido um desenvolvimento espetacular nos meios evangélicos. Irmãos
que hoje estão na obra missionária, sem qualquer curso superior ou mestrado, mas que, por
esforço próprio, alcançaram bons conhecimentos na língua portuguesa, na
história passada e contemporânea, e quando ministram o fazem de maneira eloquente e todos ficam
maravilhados.
No
passado tivemos grandes servos de Deus sem qualquer instrução secular .
Homens
que fundaram trabalhos, dedicados, mas que se esforçaram em obter conhecimentos
de sua época. Eram estudiosos. E nas suas mensagens, além da Palavra de Deus pregada
com toda a sabedoria, aprendia-se muito com eles da história dos povos, países
e costumes. E tudo vinha ao conhecimento desses irmãos por esforço próprio.
Lembro-me
de Laurindo José dos Santos que foi um deles. Nas visitas que fazia em nossa
casa, manifestava uma apreciação especial ao manusear a coleção "A
história dos Hebreus" de Flávio Josefo; demonstrava grande desejo em pesquisar
a origem da raça negra, sem falar no conhecimento que possuía do idioma
alemão. O
saudoso E. Percy Ellis, em seu livro "O Livro dos Provérbios",
conta-nos que ao trabalhar em um asilo de velhas, cortando a grama, na frente
da máquina "pregou" uma gramática grega.
Da
mesma forma, o missionário Harold St. John, na biografia escrita por sua filha
Patrícia St. John, conta-nos o seguinte: "Após o horário de trabalho no
Banco, ele frequentemente corria ao museu Britânico, a fim de apanhar uns
dizeres para as futuras pregações..." ( a continuar)
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