Depois da prisão no jardim Jesus foi levado para o seu primeiro julgamento na casa de Caifás, sumo sacerdote. Foi uma noite de terror, de um sofrimento indescritível. O sumo sacerdote ficou transtornado diante da postura de Jesus, e rasgou as suas vestes, infringindo assim uma das leis do antigo Testamento:
“Não descubrais as vossas cabeças, nem rasgueis as vossas vestes, para que não morrais, nem venha a ira sobre toda a congregação”(Levit. 10:6)
Um sumo sacerdote imperfeito, descumprindo a lei, diante de Jesus, o Justo, aquele que cumpriu toda a lei, Deus entre os homens sendo julgado.
Pela manhã foi levado à presença de Pilatos, o governador. Por certo, enfraquecido pela perda de sangue durante toda a noite, e pela falta de qualquer alimentação, haja vista que a última foi servida no dia anterior quando comemorava a páscoa com seus discípulos.
E Pilatos passa a interrogá-lo, e na medida em que prosseguia o julgamento, era tomado de uma profunda admiração. Da narrativa de Mateus depreendemos que fez de tudo para soltar a Jesus, pois sabia que por inveja os judeus queriam a sua morte.
Primeiro, lhes apresenta Barrabás, numa tentativa de trocá-lo por Jesus. Nada feito. Depois surge mais um motivo: alguém pede permissão para entrar no tribunal, pois era portador de uma mensagem que vinha da mulher de Pilatos, que dizia:
“Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele”.
Por fim, sem qualquer sucesso de absolvê-lo, pede água, lava suas mãos e diz ser inocente do sangue desse homem.
Mas o que nos prende a atenção é o sonho da sua mulher. Por que ela teria sofrido? O que teria sonhado? Sem dúvida viu os horrores da cruz, o sangue a jorrar de sua cabeça, os pregos perfurando suas mãos e seus pés, as horas de agonia debaixo do sol, até os momentos finais de sua morte.
E em sua mensagem pedia a seu marido: ”Não te envolvas na questão desse justo”.
Impossível cumprir a mensagem do bilhete, pois não só Pilatos, mas toda a humanidade está envolvida na morte de Jesus. Não adianta lavar as mãos e sair do cenário sem qualquer culpa. Não adianta sofrer e saber que era um Justo que estava sendo julgado.
O profeta Isaias fala de sua morte cerca de 700 anos antes, e coloca em destaque nossa participação:
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”.
E o apóstolo Pedro também salienta que como injustos necessitávamos o perdão de um Justo, que foi morto em uma cruz:
“Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito”.
Que a páscoa seja um momento de reflexão, e que não tentemos apresentar alternativas para não nos curvarmos diante da cruz de Cristo, muito menos pedir água e lavarmos nossas mãos. Tanto Pilatos quanto sua mulher, eu e você estamos envolvidos na morte de Jesus, e somos culpados por ela:
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.”
A oportunidade para Pilatos e sua mulher já passou. Para nós ainda há uma saída. Não deixemos passar esta páscoa sem nos agarrarmos a ela:
“Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”.
A verdadeira Páscoa é ter um Cristo vivo dentro de um coração justificado.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz
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