Senhor, como se
têm multiplicado os meus adversários!
São muitos os que
se levantam contra mim.
Muitos dizem da
minha alma: Não há salvação para ele em Deus. (Selá)
Mas tu, Senhor, és um escudo para mim,
Mas tu, Senhor, és um escudo para mim,
a minha glória e
o que exalta a minha cabeça.
Com a minha voz clamei ao Senhor;
Com a minha voz clamei ao Senhor;
ele ouviu-me
desde o seu santo monte. (Selá)
Eu me deitei e dormi; acordei,
Eu me deitei e dormi; acordei,
porque o Senhor
me sustentou. (Salmos 3:1 a 5)
Quantas vezes a tristeza nos
abate e nos derruba de tal forma que rouba nosso sono e tira-nos a paz. São
tantas as adversidades que se tornam verdadeiros adversários. Talvez uma doença
que chegou de repente, uma dor insuportável, a morte de um parente ou amigo, um
mal entendido no ambiente familiar, enfim, grandes e pequenas mazelas, enormes
gigantes.
A meditação deste salmo nos
apresenta Davi totalmente derrotado em vista da insurreição de seu filho
Absalão. O segundo livro de Samuel descreve seu estado deplorável: “E subiu
Davi pela subida das Oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e
caminhava com os pés descalços; e todo o povo que ia com ele cobria cada um a
sua cabeça, e subiam chorando sem cessar” (II Sam.15:30). A que ponto
lastimável chegou o rei que no passado enfrentou o gigante Golias, que ganhou
inúmeras batalhas, e agora foge apavorado pela revolta de seu filho, desejoso
em tomar o reino de suas mãos.
Daí sua oração: “Senhor, como se tem
multiplicado meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim”
(vers.1). De fato, foi rejeitado pelo povo, e é alvo de zombaria e insinuações
maldosas. Bem antes de ser constituído rei, um dia as mulheres cantavam sua
vitória contra os filisteus: “E as mulheres, tangendo, respondiam umas às
outras e diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares”
(I Sam. 18:7). E durante quarenta anos reinou com sabedoria e retidão o povo de
Israel, mas agora é totalmente rejeitado pelo mesmo povo, e se torna um
fugitivo com medo de seu próprio filho Absalão. Além do mais, em seu desespero,
é insultado sob a afirmação de que não há para si salvação em Deus.
Igual situação pode ocorrer a cada um de
nós em meio às profundezas de uma crise, algo insuportável que nos deixa sem
rumo. Aqueles que um dia nos serviam de estímulo e que muitas vezes vinham nos
socorrer, hoje são inimigos e afrontam a nossa fé em Deus.
O que fazer, então? Olhemos para Davi e
sigamos os seus passos. Ele busca a Deus em oração, sem pensar em recorrer a
outros meios, ou buscar conselhos entre os seus comandantes. Reconhece que “O
Senhor é um escudo para mim”. Uma arma defensiva e bastante usada por Davi em suas
batalhas. Assim, é Deus para ele. Seu escudo, sua fonte de glória e aquele que
exalta sua cabeça. Assim, Deus lhe concede dignidade e justiça. Anima e acalma
seu coração.
Davi estava certo de que seria atendido
em seu clamor: “Com a minha voz clamei ao Senhor, ele ouviu-me desde o seu
santo monte”. Tal era sua convicção que ele pode dormir em perfeita paz: “Eu me
deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou”. Assim escreve W. MacDonald
em sua obra “Comentário Bíblico Popular do Antigo Testamento”: “O sono
tranquilo é uma dádiva de Deus para aqueles que confiam nele em meios às
circunstâncias mais desoladoras da vida”. E continua o ilustre comentarista: Depois
de uma noite de repouso, Davi desperta consciente de que o Senhor acalmou seus
nervos tensos de medo e maus pensamentos. Agora tem coragem para encarar os inimigos
sem receio, mesmo que se encontre cercado por milhares deles”.
Depositemos, por fim, nossa fé em Deus no
meio da tempestade, e nosso sono será inigualável.
Que assim seja.
Orlando Arraz Maz©
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