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terça-feira, 21 de julho de 2020

SONO DE CRIANÇA



                                                                      Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários!
São muitos os que se levantam contra mim.
Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. (Selá)
Mas tu, Senhor, és um escudo para mim,
a minha glória e o que exalta a minha cabeça.
Com a minha voz clamei ao Senhor;
ele ouviu-me desde o seu santo monte. (Selá)
Eu me deitei e dormi; acordei,
porque o Senhor me sustentou. (Salmos 3:1 a 5)
 
Quantas vezes a tristeza nos abate e nos derruba de tal forma que rouba nosso sono e tira-nos a paz. São tantas as adversidades que se tornam verdadeiros adversários. Talvez uma doença que chegou de repente, uma dor insuportável, a morte de um parente ou amigo, um mal entendido no ambiente familiar, enfim, grandes e pequenas mazelas, enormes gigantes.

A meditação deste salmo nos apresenta Davi totalmente derrotado em vista da insurreição de seu filho Absalão. O segundo livro de Samuel descreve seu estado deplorável: “E subiu Davi pela subida das Oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com os pés descalços; e todo o povo que ia com ele cobria cada um a sua cabeça, e subiam chorando sem cessar” (II Sam.15:30). A que ponto lastimável chegou o rei que no passado enfrentou o gigante Golias, que ganhou inúmeras batalhas, e agora foge apavorado pela revolta de seu filho, desejoso em tomar o reino de suas mãos.

Daí sua oração: “Senhor, como se tem multiplicado meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim” (vers.1). De fato, foi rejeitado pelo povo, e é alvo de zombaria e insinuações maldosas. Bem antes de ser constituído rei, um dia as mulheres cantavam sua vitória contra os filisteus: “E as mulheres, tangendo, respondiam umas às outras e diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (I Sam. 18:7). E durante quarenta anos reinou com sabedoria e retidão o povo de Israel, mas agora é totalmente rejeitado pelo mesmo povo, e se torna um fugitivo com medo de seu próprio filho Absalão. Além do mais, em seu desespero, é insultado sob a afirmação de que não há para si salvação em Deus.

Igual situação pode ocorrer a cada um de nós em meio às profundezas de uma crise, algo insuportável que nos deixa sem rumo. Aqueles que um dia nos serviam de estímulo e que muitas vezes vinham nos socorrer, hoje são inimigos e afrontam a nossa fé em Deus.

O que fazer, então? Olhemos para Davi e sigamos os seus passos. Ele busca a Deus em oração, sem pensar em recorrer a outros meios, ou buscar conselhos entre os seus comandantes. Reconhece que “O Senhor é um escudo para mim”. Uma arma defensiva e bastante usada por Davi em suas batalhas. Assim, é Deus para ele. Seu escudo, sua fonte de glória e aquele que exalta sua cabeça. Assim, Deus lhe concede dignidade e justiça. Anima e acalma seu coração.

Davi estava certo de que seria atendido em seu clamor: “Com a minha voz clamei ao Senhor, ele ouviu-me desde o seu santo monte”. Tal era sua convicção que ele pode dormir em perfeita paz: “Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou”. Assim escreve W. MacDonald em sua obra “Comentário Bíblico Popular do Antigo Testamento”: “O sono tranquilo é uma dádiva de Deus para aqueles que confiam nele em meios às circunstâncias mais desoladoras da vida”. E continua o ilustre comentarista: Depois de uma noite de repouso, Davi desperta consciente de que o Senhor acalmou seus nervos tensos de medo e maus pensamentos. Agora tem coragem para encarar os inimigos sem receio, mesmo que se encontre cercado por milhares deles”.

Depositemos, por fim, nossa fé em Deus no meio da tempestade, e nosso sono será inigualável.

Que assim seja.

Orlando Arraz Maz©

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