Construímos uma casa no campo, e pedimos a orientação do Senhor para todos os passos.
Desejávamos mudar da cidade, fugir da poluição sonora e visual, e desfrutar um lugar onde pudéssemos ouvir os pássaros, descansar numa rede, e apreciar melhor as maravilhas de Deus.
E Deus nos ajudou neste desejo.
Era um lugar encantador, tão diferente de nossa casa na cidade grande. À tardinha sentávamos no jardim e apreciávamos os pássaros em bandos voltando para suas “casas”.
Pela manhã, o cantar deles nos despertavam.
Fora os pássaros, um silêncio total que às vezes era quebrado pelo barulho do trem de cargas.
Quando se aproximava o final de semana, uma expectativa de alegria e felicidade invadia nossos corações, e na viagem de quase duas horas falávamos, cantávamos, ouvíamos músicas, até chegar ao lugar que Deus nos preparara.
Alguns anos se passaram e nossas viagens diminuíram, ora por causa de compromissos assumidos com os trabalhos do Senhor, ora por causa do cansaço causado pela chegada da idade, e pelas poucas visitas que vinham nos ver nesses dias
Colocamos novamente o assunto nas mãos do Senhor e aguardamos a sua decisão. Afinal de contas foi Ele quem providenciou o melhor, e somente Ele saberia dar uma solução.
Algum tempo mais se passou. Os pássaros continuavam lá. O trem de cargas seguia lentamente. E Deus, por cima, trabalhava por nós.
Enquanto isso, nosso jardim da cidade florescia. Tornara-se um lugar aconchegante, apesar dos inconvenientes da cidade poluída.
E Deus que trabalhava por nós providenciou um comprador para a casa do campo. Do jeito que queríamos. Ele fez melhor do que havíamos pedido.
As viagens cessaram. Não mais teríamos as tardes suaves e os pássaros barulhentos; não mais ouviríamos o trem de cargas com seus vagões intermináveis. Ledo engano. Deus fez um milagre:
Trouxe os pássaros para a cidade, apesar de poluída. Ao amanhecer lá estão eles para nos acordar, e à tarde, em revoada, seguem cantando.
E ao ouvi-los ao romper do dia, lembramos satisfeitos:
“As misericórdias do Senhor são novas a cada manhã”
E o jardim de casa apesar da poluição tem florido. É uma beleza.
De Recordações que vivem.
Orlando Arraz Maz
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