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quinta-feira, 25 de abril de 2013

LÁGRIMAS





Os anos chegaram tão velozes e pesados, que abriu um poço dentro de mim - uma mina de lágrimas. 

Elas fluem espontaneamente, basta uma notícia ruim e triste, a doença incurável de um amigo, a morte bruta de qualquer pessoa, mas especialmente crianças indefesas.

Creio que não sou o único chorão entre meus distintos amigos, mas que há uma boa quantidade de gente que chora não restam dúvidas.

Não faz muito, numa confraternização, fui sentar-me à mesa com um querido irmão em Cristo, e o surpreendi chorando. Embaraçado lhe perguntei se ele estava sentindo alguma dor, e logo fiquei inteirado: naquele mesmo dia um menino, filho de um casal de amigos em comum, também fazia anos.
O problema é que seu pai estava internado, e sua mãe lhe fazendo companhia, e ele não tinha bolo de aniversário, e nem velinha para assoprar. Meu amigo ficou sabendo e as lágrimas logo aparecerem em seus olhos.

Ainda há os que choram de forma enrustida, e ao serem questionados alegam um resfriado, porque se sentem envergonhados. Pior são os que choram fingindo um sentimento profundo, especialmente em velórios onde mal conhecem o falecido.

A Bíblia conta o lindo relato da mulher pecadora que regou os pés de Jesus com suas lágrimas. Assim narra o texto sagrado:
“E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo; e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo”. (Lucas 7:37,38)

Suas lágrimas que nasciam do coração buscando alívio aos pés de Cristo, misturadas com o caríssimo bálsamo.

Pedro também chorou. Foram lágrimas de um coração arrependido, que foi impactado pelo olhar de Jesus sendo  julgado. Lágrimas sinceras de um homem franco, destemido.

Mas há um que chorou vertendo lágrimas cristalinas, puras como ele, bem diferentes de todos nós, chorões sinceros ou fingidos e de todas as pessoas citadas na Bíblia. Nunca chorou por seus problemas, mas pelas dores dos outros que carregava sobre si.  E esse era o Senhor Jesus.

Pelo menos duas vezes lemos que Jesus chorou: pouco antes de ser levado à cruz ao aproximar-se de Jerusalém, chorou por sua miséria espiritual (Lucas 19:41-44); em direção ao túmulo de seu amigo Lázaro, chorou também. (João 11:35). Quem sabe pensando sobre os estragos causados pelo pecado: cegueira espiritual e morte.

Embora apenas tais pesagens bíblicas façam menção das lágrimas de Jesus, sua oração no horto leva-nos a pensar que lá chorou também. Lucas em seu evangelho nos conta:

E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão”.(Lucas 22:44).  Sem dúvida as lágrimas também estavam misturadas com seu suor.

O escritor da carta aos Hebreus assim escreve:

“Durante seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em clamor e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, tendo sido ouvido por causa da sua reverente submissão” (Hebreus 5:7)

Notem a expressão “durante seus dias de vida na terra”. Então foram muitas vezes que ao orar ao Pai as lágrimas brotaram do seu coração, sentindo as dores da humanidade causadas pelo pecado. Que bom saber que ele nunca chorou por si, pois como Deus nunca pecou e não tinha motivos para derramar lágrimas.

Não posso secar a fonte de minhas lágrimas, muito menos de meus amigos chorões, mas resta-me um consolo e ao mesmo tempo um mandamento:
“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”.(Mateus 5:4); “alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram(Rom.12:15)

Aquele que sabe o que é derramar lágrimas santas, pode nos consolar a cada dia e muito mais naquele grandioso dia  quando enxugará dos nossos olhos toda a lágrima

“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.(Apoc. 21:4)

Que assim seja

Orlando Arraz Maz

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