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sexta-feira, 14 de março de 2014

DOIS BRASEIROS

 
Pedro se encontra num lugar muito familiar quando Jesus gentilmente chama seu nome da praia. Imediatamente, seus pensamentos vagueiam de volta àquele dia, uns três anos antes, quando Cristo o persuadiu a deixar suas redes e segui-lO. Ah, que voz.
A mesma voz que em ordem amorosa a uma pequena garota a levantou do poder da morte, com zelo limpou o templo, com paixão anunciou o reino e em agonia clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste? (Mt 27:46). 

Ainda agora Jesus estende um convite ao café da manhã, peixe e pão. Mas Pedro observa algo mais: duas brasas (Jo 21:9).
            
Jesus tem outra intenção. Não esqueça isso. Apenas duas vezes nas Escrituras esta expressão “uma brasa” é usada, ambas encontradas no livro de João. Aqui e em João 18:18: 

“Ora, os servos e os guardas estavam ali, tendo acendido um braseiro, por causa do frio, e aquentavam-se. Pedro estava no meio deles, aquentando-se também”. 

A última vez que Pedro estava em volta de um braseiro foi na fatídica noite da traição a Cristo, e foi em torno desse braseiro que Pedro negou mesmo conhecendo o Homem em julgamento. Vislumbrando esta cena na praia, sem dúvida uma série de angústias percorreu as veias de Pedro. Mas Jesus não estava procurando vingança. Antes, seu propósito era restauração.
            
Jesus recriou o quadro daquela noite no passado de Pedro, não para trazer à tona suas falhas, mas para habilitá-lo a mover do passado seu fracasso por reconhecer sua responsabilidade. Onde apenas inesperadamente antes Pedro negara Cristo três vezes em redor de um braseiro, agora Pedro enfaticamente declara seu infinito amor por Cristo. Três vezes (Jo 21:15-19). Onde previamente Pedro se recusou aguentar as consequências de ser associado com Jesus de Nazaré, ele agora abraça o chamado para seguir este rei do Céu. A ponto de dar sua vida. A queda de Pedro foi dolorosa, mas não final. Jesus tinha dito a Pedro anteriormente: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lc 22:32). Darby traduz: “quando fores restaurado...”. Nossa verdadeira restauração não é para progresso próprio, mas para a edificação de Sua igreja.
            
Quando Jesus chamou Pedro e seus amigos de sua vida de pescadores (Mt 4:18-22), Mateus declara que Tiago e João “consertavam suas redes”. Eles reconheceram que uma rede arrebentada pega poucos peixes. 

Igualmente, um santo desanimado alcança poucos homens. A palavra usada para “consertar” é a mesma palavra traduzida “corrigir” em Gl 6:1: 

“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura”. 

Assim como pescar requer uma rede consertada, pescar homens requer vasos restaurados. O Dicionário Webster define “restaurar” como “trazer de volta à condição prévia”.
            
Na igreja de Cristo, há uma grande necessidade de restauração. Não um mero passar por cima dos pecados cometidos, mas uma demonstração de amor de Cristo que procura restaurar e renovar vidas que outrora eram descartadas como inúteis para o reino. Estamos buscando gentilmente encorajar e pastorear nossos irmãos e irmãs além de seus passados, ou estamos condenando-os baseados em sua história? 

Redes são consertadas com o propósito de pescar novamente. Na economia de Deus, uma rede arrebentada é um chamado para a igreja 

“... perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor” (2ª Co 2:7-8). 

Além disso, Paulo segue argumentando que isso é “para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (2ª Co 2:11). Negar conforto e recusar restauração a um sincero pecador arrependido é diretamente jogar do lado de Satanás.
            
Nunca esqueça que, como um crente, no melhor dia, nosso status é um pecador salvo pela graça de Deus através da fé em Cristo. Para aqueles presos no funil da desesperança, saiba que Jesus chama você para Seu braseiro. Não para condenar, mas para ratificar Seu amor e oferecer restauração. 

Que nossas vidas, como Suas luzes neste mundo, reflitam Sua atitude de restauração. Que procuremos consertar redes quebradas, deixemos de lado a amargura, o ressentimento e o orgulho, e sob a bandeira da união e do desembaraço, proclamemos este Jesus às nações.

Que assim seja

Nate Bramsen


Trad. EFC

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