“Quando vieres, traze-me a
capa que deixei em Trôade, na casa de Carpo, e os livros, principalmente os
pergaminhos”.
Alguns escritos produzidos
nos cárceres são verdadeiras joias literárias.
Por exemplo, o Peregrino de
John Bunyan, que tem levado incontável número de pessoas aos pés de Cristo, nos
anos em que esteve encarcerado; Watchman Nee , escrevendo inúmeros
artigos que até hoje fortalecem muitos crentes, nos 16 anos de sua prisão na
China, e tantos outros escritos através dos anos.
Entretanto,
há um escritor que ultrapassa a todos os citados, cujos escritos, apesar dos
anos, permanecem como flores frescas e perfumadas colhidas há pouco num jardim.
Trata-se do apóstolo Paulo, o bandeirante de Cristo, cujas cartas produzidas
nas suas prisões, tais como aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon,
estão repletas de instruções que não envelhecem apesar dos anos, assim como sua
última carta particular escrita ao seu filho na fé, Timóteo, conhecida como
segunda Carta a Timóteo, todas produzidas nas suas prisões, e que são verdadeiras
obras esculpidas pelas mãos de Deus.
Esta
carta foi escrita numa masmorra, lugar sombrio, profundamente horroroso, e soa
como um cântico de despedida. Huberto Rohden, em seu livro “Saulo de Tarso”
descreve sua prisão: “Como não terá Paulo sofrido naquele subterrâneo úmido e
frio. De nada lhe valiam as tépidas auras primaveris, de nada os fulgores do
estio – lá embaixo era noite eterna e inverno perpétuo. A sua capa, talvez a
única, ficara em Trôade, e ele a manda vir porque lhe faz falta…”.
Embora
o ambiente seja deveras sombrio, nesta carta suas palavras ecoam através dos
séculos, e servem como lenitivo para ajudar aqueles que sofrem perseguições
pela causa do Evangelho de Cristo. Por certo o primeiro a ser animado e
confortado foi Timoteo: “Combati o bom combate, completei a corrida, perseverei
na fé”. “Agora me está reservada a coroa da justiça, que o SENHOR, justo
Juiz, me concederá naquele dia; e não somente a mim, mas certamente a todos os
que amarem a sua vinda”. (vers.7 e 8).
Entretanto,
o que salta aos olhos é o acervo acumulado por Paulo ao longo de 30 anos de
profícuo trabalho: “uma capa, livros e pergaminhos”. Com toda sua erudição,
seria um rabino mais importante que seu mestre Gamaliel, e por certo teria
amealhado fortunas, e desfrutado uma vida nababesca. Mas ele mesmo afirma que
todo esse cabedal foi considerado refugo: “Todavia, o que para mim era lucro,
passei a considerar como prejuízo por causa de Cristo. Mais do que isso,
compreendo que tudo é uma completa perda, quando comparada à superioridade do
valor do conhecimento de Cristo Jesus, meu SENHOR, por quem decidi perder todos
esses valores, os quais considero como esterco, a fim de ganhar Cristo…”
(Filip. 3:7,8) Não sabemos se teve tempo para receber tais preciosidades, pois
sua morte com rapidez se aproximava.
Que este texto nos ensine
grandes verdades, num tempo onde nossas preocupações são tantas, prejudicando
nossa caminhada na senda do evangelho. Acumulamos bens, corremos de um lado para
o outro, vivemos fatigados e mergulhados em nossos interesses, quase nada
restando para o Senhor. Paulo entendeu bem desde o início do seu chamado,
renunciando a uma carreira promissora, e iniciando uma trajetória de
sofrimento, até seu último instante sob a espada do soldado romano.
Seus poucos bens talvez
coubessem em uma pequena mala, mas sua alegria em servir ao seu Mestre
ultrapassou todos os limites, e as almas
que foram salvas e que ainda serão,
fruto de suas cartas escritas, só a eternidade saberá.
“Todavia,
não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se
tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor
Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus”. Atos 20:24
Que assim seja
Orlando Arraz Maz
Um comentário:
Amém! e Amém! Grato. Abraço.
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