O ano velho dá seus últimos suspiros. Agoniza. Qual grande
baú, igual ao que tinha minha avó, que acumulava objetos mais variados: roupas
velhas, utensílios sem uso, fotografias, cartas recebidas, e tudo quanto já não
mais servia.
Perto do Natal já estava cheio. E todo fim de ano o mesmo ritual:
esvaziava-se o baú, se as roupas estivessem em bom estado de uso eram doadas,
assim como os brinquedos velhos. Cartas e outros papéis eram queimados e o baú
ficava vazio, pronto para o ano novo.
Hoje recordo o velho baú, e penso nos dias do ano. Chegou o
momento certo para abri-lo neste final de 2013 e recordar tudo o que foi nele
guardado. Algumas coisas olho com
espanto, e me detenho em lembranças boas, outras más. Quero guardar as boas e queimar
as más. Aquelas que me entristeceram, ou melhor, que me envergonharam. E assim
vou esvaziando o baú. Quando já está todo vazio, diviso dois montes: um bem
grande, aquele de coisas ruins, outro pequeno, bem pequeno de coisas boas, um
montinho para melhor descrevê-lo. Meu baú estava cheio de coisas imprestáveis,
claro que não podiam ser doadas, mas simplesmente queimadas numa grande
fogueira.
Removo
toda a poeira, algumas traças nele alojadas, aplico um bom removedor e depois
um spray bem perfumado, e está pronto para o novo ano. Pretendo enchê-lo -lo de coisas boas, pensamentos construtivos,
aqueles que me fornecem a Palavra de Deus, como amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Estes são como
nove gomos de uma mexerica totalmente saborosa, cultivada pelo Espírito Santo.
Tenho certeza que vou me alegrar em abrir o baú ao apagar as
luzes de 2014, sem nada para queimar ou me envergonhar. E quando olhar para
ele, vazio novamente, vejo que não precisa mais detergente, spray, pois
continua limpo e recende a fragrância do próprio Deus na pessoa de seu bendito
filho Jesus Cristo. É só começar a enchê-lo de novo para 2015.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz
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